quarta-feira, maio 15, 2013

Convocação de quem?!

Terça-feira. Dois momentos: Scolari escala a seleção pra Copa das Confederações e Angelina Jolie faz dupla mastectomia. Pasmem, até no Brasil-il-il o segundo assunto venceu em comentários.

Não venho aqui desmerecer a atitude e a importância do tema - pelo contrário, o câncer, não só o de mama e não apenas em mulheres, é um tema que deve ser sempre abordado, cuidado e acompanhado. O que me impressiona - já nem sei se impressiona mais, já que hoje em dia isso é cada vez mais comum - é o sensacionalismo que se emprega. Fala-se o tempo todo: Angelina Jolie faz dupla mastectomia ou, após descobrir ter o defeito genético, retira os dois seios para diminuir o risco e câncer de mama de 87 para 5% ou decisão de Angelina Jolie encoraja mulheres a procurar a dupla mastectomia preventiva. 

Pronto, encontraram a solução!

Calma, povo! Quem dera se a solução tivesse sido encontrada... Já se sabe que a retirada da mama não é um procedimento que pode ser feito por todas as mulheres - e não estamos aqui tratando apenas da questão financeira - e nem a única maneira de prevenir a doença.

Olha, não sou médica, mas já há diversas reportagens sobre o assunto e, com a divulgação desse caso específico, se enfatizou a questão genética. O que aconteceu neste caso foi a descoberta de uma mutação nos genes BRCA1 e BRCA2, responsáveis pela prevenção da proliferação e crescimento desordenado de células. Com a mutação e a consequente inexistência deste controle, a proliferação de células pode ocorrer de forma irregular aumentando o risco de câncer. Entretanto, deve ser lembrado que, apesar de a dupla mastectomia preventiva ser uma opção cada vez mais utilizada no combate ao câncer nos EUA, o risco ainda se mantém entre 5 e 10%, já que não é possível retirar toda a glândula mamária neste procedimento.

Fala-se a todo tempo que ela teria retirado os seios! Gente, essa cirurgia é feita em três etapas, em que seios e mamilos são preservados, exatamente para que, retirada a glândula mamária, seja inicialmente colocado um extensor sob a pele e, posteriormente, realizada outra cirurgia de colocação de uma prótese de silicone.


Mais uma vez, não desmereço a atitude da atriz, nem o sentimento de perda que imagino surgir a uma mulher ao retirar o seu seio. Mas foi a decisão dela. Se também foi ou for a sua um dia, você terá avaliado a viabilidade e a necessidade, e se preparado psicologicamente para tal. O que quero destacar aqui é que esta não é a única medida possível e não deve ser a sua escolha imediata. Se você tem a possibilidade de descobrir a mutação genética - o que não faz parte da realidade financeira da maioria das pessoas, nem pode ser feito em todas as unidades médicas do SUS -, há possíveis tratamentos variáveis de caso a caso. Não existem recomendações prévias a um diagnóstico e a avaliação médica e psicológica da paciente.

Por isso, gente, atenção com a saúde, realizem periodicamente os exames básicos e não tenha medo ou pressa para tomar decisões. Previna-se e avalie sempre a recomendação médica a respeito e de acordo com o SEU caso.

P.S: Ah, sobre a seleção, não há muito a dizer. Resta esperar. Vai que dá certo?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Corre e comenta!